domingo, 7 de agosto de 2011

Homenagem da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte ao poeta Chico Mota

Foto: Inês Mota


No dia 2 de agosto de 2011, a Academia de Trovas do Rio Grande do Norte – ATRN rendeu homenagem a Chico Mota, saudoso membro ocupante cadeira número 9.


A cerimônia ocorreu no Memorial Câmara Cascudo, onde estiveram presentes representantes da Academia e familiares do poeta. Compuseram a mesa José Lucas de Barros, presidente da ATRN, Francisco Macedo, Joamir Medeiros, Severino Campelo e Djalma Mota, filho do poeta, também membro da Academia. Outros poetas que estiveram presentes: Ademar Macedo, Hélio Pedro Souza, Ivory, Gilda Moura, Ivaniso Galhardo, Rodrigues Neto, Marcos Medeiros, o cordelista Antônio Francisco, Luís Gonzaga, entre outros.


Vários dos poetas prestaram homenagens com versos, alguns dos quais estão reproduzidos abaixo:


A VIOLA, EM SILÊNCIO, ESTÁ CHORANDO,/COM SAUDADE DA VOZ DO VIOLEIRO
Chico Motta viveu de cantoria,
Imitando as graúnas sertanejas,
Nos ardores de inúmeras pelejas
Que aprendeu a enfrentar com galhardia;
Seu programa, nem bem raiava o dia,
Acordava o sertão alvissareiro,
Mas, depois do seu verso derradeiro,
Que inda está, nas quebradas, ecoando,
A viola, em silêncio, está chorando,
Com saudade da voz do violeiro.


- José Lucas de Barros
Pirangi, 2 de agosto de 2011.


TROVAS DE S. CAMPELO
[1]


A viola que chorava
pelos confins do sertão
cada corda decorava
de CHICO MOTA um refrão.


[2]


Desta trova quem me priva
fazê-la altar da verdade?
Chico Mota é lenda vida
nas veredas da saudade.


[3]


Que saudade! sem decoro
no peito entra sem licença,
é Chico Mota que em coro
solfeja suas querenças.


- S. Campelo


TROVAS PARA O POETA CHICO MOTA
Autor: Rodrigues Neto


1
Tributado, venerado,
digo aos santos e profanos;
CHICO MOTA está cantando
a lira dos oitenta anos!…


2
CHICO MOTA, companheiro!
Bom colega, trovador
bom amigo, bom parceiro,
eterno bom cantador…


3
Com seu valor e sua arte,
Com os seus dons naturais,
CHICO MOTA já faz parte
dos poetas geniais…


4
Um cantador talentoso
que nunca fez escarcéu
CHICO MOTA luminoso
foi morar com Deus do céu.


QUEM TANTO CANTOU SAUDADE/DEIXOU SAUDADE NA GENTE
Sem que se saiba a verdade,
partiu MOTA em nova estrada,
improvisa outra balada
QUEM TANTO CANTOU SAUDADE.
Com a mesma dignidade
diante do Sol poente,
em dimensão diferente
carrega seu próprio fardo;
se foi de repente o bardo,
DEIXOU SAUDADE NA GENTE.


- Manoel Dantas
CTS – Cad. 27

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Novo endereço

O blog Viola de Chico Mota está agora em novo endereço.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Castelo de Engady - Chico Motta



(Imagem: Castelo de Engady, em Caicó-RN. Foto de Alex Gurgel)


Te saúdo, Castelo de Engady,
Pela tua estrutrura e construção.
Te comparo à caverna de Odolão,
Moradia secreta de David.

Teu silêncio aparenta a solidão
Que pisou o guerreiro Abisaí.
A virtude de Deus está em ti,
Como esteve na tenda de Abraão.

Para dar um exemplo a nossa gente
Na rudeza do campo espinescente,
Te ergueste na face da espilite.

Vim aqui com o fim de  admirar-te,
Informar teu estilo em qualquer parte
E traçar-te elogios sem limite.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Epitáfio - Chico Mota

Foto: Inês Mota

No sepulcro quero apenas
inscrição de minha idade
e em lugar de verbenas
um poema de saudade

*  O epitáfio que meu pai escreveu para ser gravado em sua lápide tumular.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Carpido

 Meu pai, Francisco Fernandes da Mota- Chico Mota
    
o poeta não poema o poema
não pena a pena do poeta
pena do poema do poeta
pena
pena
pena, pena do poeta,
pena o poema!
a pena do poeta
pena
pena
peno
peno
peno
peno

* Ao meu querido pai, que no seu livre-arbítrio,  em 05/06/2011, decidiu abreviar a vida e nos deixou a dor que não escolhemos. 
Com a promessa de continuar tentando fazer um poema decente em sua homenagem, com rima e tudo, como ele sabia fazer.

sábado, 18 de junho de 2011

Convite para a Missa de 30 Dias



Os familiares de Francisco Fernandes da Mota agradecem a solidariedade de pesar recebida por ocasião de sua partida para Deus e convidam parentes e amigos para juntos unirmos nossas orações na Missa de 30º Dia que será celebrada no dia 02.07.2011 às 6h15min na Igreja Matriz de São José em Caicó/RN.

Agradecem, desde já, a todos que se fizerem presentes a este ato de fé.

Francisco Fernandes da Motta
* 23.10.1924; + 05.06.2011
Com seriedade eu fiz o que pude
Deus me concedeu uma longa vida
Deu-me uma prole bastante crescida
Que considero ser minha virtude.

Mas, como a morte é inevitável
Jamais poderei ser inseparável
Daquelas pessoas por quem tenho afeto.

Já que eu não posso ficar entre os meus
Breve deixarei o meu último adeus
A genros e noras, a filhos e netos.

Chico Motta

AGRADECIMENTOS

De repente, as cordas da viola calam seu canto rasgado e a voz suave do poeta existe apenas como um eco, porém, saudoso e perene;

Aos amigos que compartilharam os momentos felizes da vida simples desse homem que amava viver;

Aos companheiros que dedilharam suas violas ao lado desse improvisador da rima e do verso e que em uníssono, incansavelmente cantaram a vida, a esperança, a saudade;

A todos os que ouviam a voz desse pássaro transmitida através das nuvens, como uma garoa diária que caía para alegrar o dia dos seridoenses;

Àqueles que celebram um novo começo para o amado Chico Mota, esperando que, onde quer que esteja, sua existência continue feliz, plena e intensa, característica primordial de tudo a que se propunha realizar na vida;

Por todo o carinho, solidariedade, apoio e conforto dispensados à família do inesquecível companheiro e amigo, toda a gratidão da esposa, dos filhos, netos, bisnetos, genros, noras e familiares:
Aos amigos estimados,
Aos colegas do repente,
E aos demais companheiros
Que compartilham com a gente
Todo esse carinho e prece,
Hoje a família agradece
Com este verso dolente.
(Inês Mota/Thiago Leite)

          Epitáfio:
NO MEU TÚMULO QUERO APENAS
INSCRIÇÃO DA MINHA IDADE
E EM LUGAR DE VERBENAS
UM POEMA DE SAUDADE
(Chico Motta)

A MORTE É PARTE DA VIDA
UM SINAL DE ETERNIDADE
QUEM PARTE FAZ DESPEDIDA
QUEM FICA SENTE SAUDADE
(Djalma Mota)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Mote em Decassílabo - Chico Mota

Foto: Inês Mota

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Projeto na Câmara denomina de Poeta Chico Mota a Casa de Cultura de Caicó


O Vereador Miltão Batista (PR) apresentou Projeto de Lei nesta segunda-feira (06) na sessão da Câmara Municipal de Caicó onde denomina de Poeta Francisco Mota a Casa de Cultura Popular de Caicó. Em sua justificativa, o parlamentar ressaltou a importância de Chico Mota para a cultura regional.

“Chico Mota foi um grande baluarte da cultura caicoense e referencial da poesia seridoense. Ele nos deixou de maneira inesperada e ficará uma lacuna no repente e na poesia que nos trouxe com sua inteligência que era peculiar. Nada mais justo do que homenagear Seu Chico Mota, denominando a Casa de Cultura com o seu nome”, destacou o vereador Miltão.

Fonte: Blog Cardoso Silva

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Morte de um poeta - Por Sandro Abayomi

Foto: Inês mota

Desculpem-me meus leitores pelas últimas postagens majoritariamente voltadas à mortes. Mortes de gente próxima e de gente distante. Mas, como costumo dizer, por mais que tenhamos dificuldade de reconhecer, morte e vida perambulam pelas nossas ruas de mãos dadas. E cada segundo de vida que vivemos, é um segundo mais perto da morte. E assim seguimos. Desta vez, tenho que registrar a morte de uma pessoa cujos laços de proximidade me são dados pelos laços que tenho com seus filhos, dois deles: Djalma e Inês. O pai deles, um grande poeta caicoense, Chico Mota, morreu segunda feira passada. Do blog Cidade Aflita, reproduzo texto de Gilberto Costa que expressa bem os sentimentos de todos.
Fica aqui meus sentimentos aos dois filhos de Chico, ambos poetas de mão cheia.


"Recebi a notícia de que o poeta e repentista Chico Mota tinha falecido. Morte natural? Natural! Mas, não fora causa normal sua despedida do mundo terreno. Seu Chico Mota se suicidara… Usara uma corda como meio de transporte para outra dimensão. Seu Chico, que a vida toda estivera acariciando as cordas de sua viola para que os sons mais suaves adentrassem nossos ouvidos, nas manhãs de todos os dias na Emissora de Educação Rural de Caicó, colocara uma corda no pescoço!
Seu Chico Mota, autor da teoria da correspondência trionívoca (a cada toque nas cordas da viola, um toque de sua voz e um toque em nossos corações), calara-se sufocado por apenas uma corda! Corda de dor… Corda matadora de sonhos… Corda eliminadora de sons… Corda de um som triste…
Enquanto Seu Chico Mota estivera manuseando as cordas de sua viola, sua vida fora poesia! Sua arte nos fora alegria! Fora-nos rebuliço de sentimentos! Fora nossa refeição primeira do dia durante muitos anos! Mas, Seu Chico Mota deixara o plural… Seu Chico Mota cansara das “DEZ CORDAS DE SUA VIOLA” e optara por somente uma corda. A corda grave! A corda não paralela! A corda perpendicular! A corda envolta do pescoço! A corda que substituíra suas cordas vocais! A corda que eliminara o contato das cordas com seus dedos!
Não sei… Talvez Seu Chico Mota tenha se cansado de afinar as cordas de sua viola. E tenha, como último gesto, fiel ao seu contato com as cordas, encontrar-se com Deus. Ele que é o maior afinador de cordas!"


Postado pelo meu querido amigo  Alessandro Azevêdo, em 08 de junho de 2011, no Blog:

Chico Mota

Francisco Fernandes da Mota foi um poeta, violeiro, repentista e cordelista paraibano que se tornou célebre no Seridó potiguar, especialmente em Caicó, onde viveu a maior parte de sua vida. Nasceu aos 23 de outubro de 1924, filho de Henrique Ferreira da Motta e Maria Elvira Fernandes, na Fazenda Dinamarca, município de Catolé do Rocha, Paraíba. Começou a trabalhar na agricultura aos 10 anos de idade e viveu na zona rural até 1963.

Em 1949, deu início à profissão de violeiro. Em 1955, na cidade de São Bento (PB), casou-se com Hermínia Joaquina Alves, com quem viveu até o dia de seu falecimento e lhe deu uma prole de 10 filhos. Em 1º de maio de 1963, criou, juntamente com o violeiro-repentista José Soares Sobrinho (in memoriam), o programa de rádio Violeiros do Seridó.

Em sua trajetória como poeta, é autor de vários cordéis e publicou 4 livros:

  • Veredas Nordestinas,

  • Trovas etc. (contos),

  • Violas e Cantadores e

  • A Saga de um Bandoleiro no Oeste Potiguar.


Gravou 5 CDs, sendo 4 em parceria com outros cantadores.

Foi sócio efetivo do Clube dos Trovadores do Seridó/CTS, ocupando a cadeira número 9, que tem como patrono Júlio César da Câmara. Foi membro da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte - ATRM, ocupante da cadeira número 38, cujo patrono é o acadêmico José Gotardo Emerenciano Neto.

Faleceu no dia 5 de junho de 2011.

A repercussão de seu falecimento foi sentida na homenagem prestada pela Rádio Rural. No horário matutino, em que ele costumava cantar diariamente, violeiros compuseram versos com o mote "A viola nordestina / Mais uma vez enlutada." Na missa de seu sepultamento, vários colegas poetas entoaram em temas de sete linhas. A Casa da Cultura de Caicó será rebatizada com seu nome.


In memoriam


Inês falava tanto sobre o pai que eu gostava muito dele, mais pelo que ela dizia do que pelo pouco contato que tive com ele. Era um homem alegre e inteligente, que amava a vida e, aos 86 anos de idade, não dispensava uma caminhada diária e o contato com os amigos. Gostaria de ter conhecido melhor meu sogro, ter conversado com ele sobre literatura e história. Ele está em outra dimensão agora, e provavelmente o encontrarei por aí. Ficam meus pensamentos positivos para que ele continue sua caminhada evolutiva pela eternidade.